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Participante do Palmaslab no comércio local em Fortaleza (Ce). Crédito: Palmaslab.

Uma iniciativa como o Instituto Palmaslab, de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia da informação, reunindo jovens carentes num dos bairros outrora mais violentos de Fortaleza (CE) é algo certamente a chamar a atenção. Este projeto, conjugando juventude e cultura digital surgiu do Banco Palmas, primeiro banco comunitário do Brasil, com uma trajetória impressionante. Na época de sua formação, eram cinco pessoas que estavam à frente da Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira, uma grande favela da periferia de Fortaleza, considerada o pedaço mais perigoso da cidade.
Durante 25 anos, desde a década de 1970, a Associação de Moradores organizou mutirões comunitários e urbanizou o bairro. Construiu um canal de drenagem, redes de esgoto, pavimentou as ruas, construiu praças, creches comunitárias e outros serviços. Quando o bairro foi urbanizado, em 1997, a população local não teve como pagar as taxas (água, esgotamento sanitário, energia elétrica, IPTU, e outras) e então começou a vender suas casas e ocupar outras favelas. Para tentar reverter essa situação, a Associação de Moradores tomou a iniciativa de criar um projeto que pudesse gerar trabalho e renda para os moradores, na própria comunidade.
Esse projeto foi o Banco Palmas. Para pôr em prática a ideia, houve 96 reuniões com produtores, comerciantes e moradores em geral para se definir como seria um projeto para geração de trabalho e renda no Conjunto Palmeira. A base teórica e filosófica saiu das leituras que os líderes comunitários tinham sobre a teologia da libertação, que prima pela organização da comunidade enquanto portadora de solução e dos livros sobre cooperativismo de Paul Singer. Havia um certo consenso de que havia pobreza porque os moradores não tinham dinheiro, entre tanto, um levantamento mostrou que mensalmente os moradores consumiam em produtos, ou seja, gastavam com alimentação, vestuário, produtos de limpeza e de higiene e beleza, um total de R$ 1.200.000,00 (um milhão e du- zentos mil reais).
O problema era que todas as compras eram feitas fora do bairro. Então os organizadores do Banco Palmas disseram aos mo- radores: não somos pobres porque não temos dinheiro, e sim, porque perdemos nossa base monetária, ou seja, perdemos o dinheiro que temos. O Banco foi inaugurado em 1998. Por ser Comunitário é um serviço financeiro, solidário, em rede, de natureza associativa, voltado para reorganização das economias locais, na perspectiva da geração de trabalho e renda e da Economia Solidária. E o Palmas inovou porque combina 04 produtos operando de forma integrada e simultânea no bairro: i) crédito para a produção, ii) crédito para o consumo (em moeda social), iii) correspondente bancário, iv) e um forte controle social sobre as atividades do banco. Mas no início o Banco Palmas enfrentou muita incompreensão. Eles chegaram a ser processados pelo Banco Central. Os jovens estão em várias fren tes promovidas pelo Banco Palmas.
A ‘Escola Popular Cooperativa Palmas – EPC Palmas’ consiste em um projeto do Instituto Palmas voltado para a juventude do conjunto Palmeira, com o objetivo maior de fazer a juventude do bairro ingressar na universidade. Atua com uma pedagogia libertadora que oferecesse aos alunos: conhecimentos teóricos para obterem sucesso no vestibular, desenvolvimento da capacidade empreendedora, e sensibilização para a participação nas atividades comunitárias e de proteção ambiental. Cada aluno recebe um fardamento e todo o material didático e pedagógico. Cada turma tem seis meses de capacitação, 600 horas de sala de aula.
Os professores, geralmente, ex-alunos, alunos universitários, professores das escolas públicas do bairro, recebem uma bolsa do Palmas (em média 100 reais). Já a ‘Academia de Moda da Periferia’ é um espaço de formação e produção na área de moda, constituída por jovens do Conjunto Palmeira. A Academia funciona em um ateliê existente na sede da Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira/Banco Palmas, medindo 80 metros quadra dos, equipadas com máquinas e equipamentos adequados. Nela os jovens compreendem os processos básicos na construção do vestuário, o que lhes permitirá ingressar no mercado de trabalho (ou montar seu próprio empreendimento) com conhecimentos técnicos, antes restritos aos estudantes de moda das universidades e a pessoas que já trabalham na área.
No Curso de Economia Solidária – Ecosol, os ‘Consultores Comunitários’, destinado a jovens do Conjunto Palmeira, são ministrados treinamentos para a prestação de pequenas con- sultorias aos empreendimentos (comércio, indústria e serviço) do local e para a Rede de Bancos Comunitários do Ceará. Serve também como processo formativo para os futuros trabalhadores e trabalhadores e voluntários do Banco Palmas.Mais recentemente, em 2012, o Palmas se constituiu num braço de TI do Banco.
Mais recentemente, em 2012, o PalmasLab se constituiu num braço de tecnologia da informação do Banco. O Laboratório de Inovação e Pesquisa em Finanças Solidárias é uma iniciativa do Instituto Palmas de Desenvolvimento e Socioeconomia Solidária e tem como finalidade potencializar e dar escala às Finanças Solidárias, por meio do uso da tecnologia da informação (TI), dentro dos princípios da Ecosol. Dentre os seus principais objetivos estão o de desenvolver soluções de TI para computadores e dispositivos móveis para aumentar o acesso aos serviços financeiros, melhorar a gestão dos Bancos Comunitários (BCD’s) e aperfeiçoar a comunicação entre as comunidades, os BCD’s e outras instituições relevantes.
E ainda, criar uma incubadora local de jovens que vai facilitar o surgimento de empreendimentos solidários de TI, fornecendo soluções de TI para a periferia e que sejam desenvolvidas pela mesma. Além de influenciar as políticas públicas por meio de parcerias com instituições acadêmicas que possam usar os dados coletados por meio do monitoramento e avaliação das soluções do Laboratório de informática e, em troca, identificar e promover as melhores práticas de políticas de inclusão financeira.
Fonte: Palmalab

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