O turismo solidário e comunitário vem se mostrando cada vez mais uma alternativa para promover a valorização de culturas locais, promover o trabalho justo e gerar renda para as comunidades onde se desenvolve. O movimento está crescendo no Brasil, e avança no sentido de constituir uma Rede Brasileira de Turismo Solidário e Comunitário, a TURISOL.
A história da TURISOL começa em 2003, com um programa de cooperação no setor da economia solidária iniciado pela Embaixada da França no Brasil que revelou o potencial do país. No mesmo ano, sete projetos brasileiros representaram o país no Fórum Internacional de Turismo Solidário, realizado em Marselha, na França. E dessa movimentação inicial nascia então, informalmente, a TURISOL.
Caracterizada pela reunião de diversas organizações no Brasil que desenvolvem projetos de turismo solidário e que buscam, por meio da troca, fortalecer iniciativas existentes e despertar outras comunidades para a possibilidade de promover um turismo diferente, é composta por cerca de 13 projetos.
A TURISOL funciona seguindo alguns princípios, dentre os quais o de que o principal produto turístico ou atração turística é o modo de vida da comunidade, sua forma de organização. Que o turismo deve ser entendido como instrumento para o fortalecimento comunitário e associativo. E que a comunidade é proprietária, gestora, empreendedora dos empreendimentos turísticos.
Embora a Rede tenha passado um período relativamente desmobilizada, nos últimos anos foi retomada sob a supervisão do Projeto Bagagem. O projeto surgiu em 2002 de uma iniciativa de duas colegas de faculdade que trabalhavam como operadoras de organização de viagens por comunidades ribeirinhas da Amazônia que logo questionaram por que o turismo de base comunitária não tinha mais destaque no país.
O envolvimento com a TURISOL veio em 2008, quando por meio de um edital do Ministério do Turismo a Associação captou recursos para fomento à Rede e vem, desde então, se consolidando como importante ator na aglutinação de iniciativas e parcerias de turismo de base comunitária.
“O primeiro encontro da Rede foi organizado pelo Bagagem com base no único edital lançado pelo Ministério para o turismo comunitário. Acabamos assumindo a responsabilidade de fazer um encontro nacional. E em 2014 a gente fez o segundo encontro. O Bagagem se tornou uma referência como organização que puxa a Rede. A gente tem que ter um animador, porque senão a Rede fica um pouco parada”, avalia Mariana Madureira, diretora executiva do Bagagem.
A expectativa é reunir a TURISOL novamente o Fórum Social Mundial em 2018, encontro que ainda depende do suporte de parceiros. Mariana aponta a riqueza desses momentos de encontro e troca entre os integrantes da Rede, onde acontece também o contato com especialistas, oficinas, seminários e apresentações culturais. E ao mesmo tempo levanta os desafios: muitas vezes as comunidades não dispõe de recursos para participar desses encontros, o que faz com que o Bagagem busque alternativas de incentivo e financiamento para que essa participação aconteça de alguma forma.
Hoje em nova fase, o Projeto Bagagem se quer um espaço de compartilhamento de experiências e aglutinação de conteúdos e conhecimento dos diversos atores envolvidos e interessados por esse turismo. O foco é compartilhar as informações das pequenas comunidades e ter um papel articulador.
Voltando à TURISOL, o potencial desse tipo de turismo, comunitário, solidário, é imenso pelas comunidades do Brasil. Uma forma de tornar a atividade menos predatória e mais social, ao proporcionar oportunidade de conhecer modos de viver, de pensar, de fazer, enfim, promover o contato com culturas diversas e ainda gerar riqueza e sustentabilidade para os locais onde essas comunidades são anfitriãs.
Aqui o turismo se coloca como atividade complementar a outras atividades econômicas já praticadas nas regiões, que proporciona distribuição justa do dinheiro e transparência no uso de recursos. Promove a afirmação das identidades ao valorizar as culturas. Estabelece uma relação de parceria e troca entre o turismo e a comunidade. Estimula uma cadeia de valor com foco no desenvolvimento das comunidades e na sustentabilidade ambiental e muitas vezes pode até mesmo auxiliar na luta pela posse da terra.
 

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